As mulheres na liderança da IA estão a quebrar o teto de vidro

Abirami Vina

3 min ler

13 de dezembro de 2024

Revisite um painel de discussão empoderador do YOLO Vision 2024 sobre mulheres na liderança da IA. Saiba mais sobre a igualdade de género na tecnologia com as mulheres que impulsionam a mudança.

Estudos recentes revelam que apenas 47,7% das mulheres em idade ativa fazem parte da força de trabalho mundial, com valores ainda mais baixos em algumas regiões. Para pôr isto em perspetiva, por cada dois homens empregados, há apenas uma mulher. No sector da tecnologia, este fosso é ainda maior, especialmente em cargos de liderança.

No YOLO Vision 2024 (YV24), o evento híbrido anual da Ultralytics, um grupo inspirador de mulheres líderes reuniu-se para enfrentar estes desafios e partilhar a sua visão para um futuro mais inclusivo. O painel contou com a participação de Paula Derrenger, diretora de crescimento da Ultralytics; Bruna de Guimarães, fundadora da beBold; Christina Stathopoulos, fundadora da Dare to Data; e Mariana Hernandez, líder da Latinas in Tech. As suas histórias, ideias e conselhos práticos ofereceram um olhar esperançoso sobre a forma como a indústria tecnológica pode evoluir para apoiar e celebrar as mulheres.

Neste artigo, vamos recapitular os destaques da sua discussão sobre as mulheres na liderança e na tecnologia, centrando-nos na importância da orientação, da educação e da criação de culturas inclusivas no local de trabalho para preparar o caminho para que mais mulheres possam prosperar na liderança tecnológica. Vamos começar!

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Figura 1. Um painel de discussão sobre "Quebrar o teto de vidro na liderança da IA".

O panorama atual das mulheres na liderança da IA

Apesar dos progressos registados, as mulheres continuam a estar significativamente sub-representadas em cargos de liderança na indústria tecnológica. Como explicou Mariana Hernandez, os números evidenciam a diferença: as mulheres representam apenas 20% da força de trabalho tecnológica, em comparação com 45-50% em áreas como a educação, a comunicação, o marketing e o sector público.

Esta diferença torna-se ainda mais acentuada nos cargos de liderança. Em 2023, apenas 10% dos CEOs da Fortune 500 eram mulheres - um recorde, mas ainda assim surpreendentemente baixo. Paula Derrenger refletiu sobre sua experiência, compartilhando: "Conversei com mais de mil empresas no ano passado e só falei com quatro que tinham mulheres envolvidas na conversa para vender uma licença Ultralytics Enterprise". Da mesma forma, Christina Stathopoulos observou: "Nunca tive uma gerente mulher em toda a minha carreira", sublinhando a falta de representação no topo.

A ausência de mulheres na liderança é mais do que apenas números, é a falta de modelos visíveis. Bruna de Guimarães sublinhou: "Penso que o aspeto mais importante que frequentemente subestimamos é a importância dos modelos - modelos para as crianças, para as startups de nível C e para os colaboradores individuais. Isto faz uma grande diferença". Os modelos servem de inspiração e abrem caminho para que outros aspirem a posições de liderança.

Igualdade de género na tecnologia: começar cedo

Alcançar a igualdade de género na tecnologia começa com a educação precoce. Mariana Hernandez salientou a forma como os preconceitos no início da escolaridade podem desencorajar as raparigas a seguir disciplinas STEM. Explicou que as raparigas sentem frequentemente níveis muito mais elevados de ansiedade em relação à matemática do que os rapazes, a partir de uma idade muito jovem. Este medo pode minar a sua confiança e interesse nas áreas STEM à medida que envelhecem, limitando as suas futuras oportunidades na área da tecnologia.

Abordar esta questão numa fase precoce é crucial para aumentar a confiança das raparigas nas suas capacidades. Mariana comentou a importância de criar ambientes de aprendizagem favoráveis que encorajem as raparigas a explorar a matemática e as ciências sem medo, ajudando a desafiar os estereótipos que muitas vezes as retêm.

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Figura 2. Mariana Hernandez partilhou as suas ideias sobre a igualdade de género na tecnologia.

Com base nisto, Paula Derrenger discutiu a forma como a educação está a evoluir para as gerações mais jovens. Referiu que muitas escolas estão agora a introduzir a codificação e outras competências tecnológicas numa idade mais precoce, dando às raparigas mais oportunidades de se envolverem em disciplinas STEM. Estes avanços estão a ajudar a desenvolver as competências e a confiança necessárias para seguir carreiras na área da tecnologia.

O papel da cultura de empresa e da regulamentação

A cultura e a regulamentação das empresas são essenciais para promover a igualdade de género, mas, tal como salientaram os participantes no painel do YOLO Vision 2024, o verdadeiro progresso exige mais do que mudanças superficiais. Muitos países têm agora quotas de diversidade de género para as empresas públicas, para garantir que mais mulheres estejam representadas em cargos de liderança. Embora esses regulamentos abram portas importantes, eles devem ser acompanhados por mudanças culturais significativas dentro das organizações.

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Figura 3. Muitos países têm quotas de diversidade de género para as empresas públicas.

Paula sublinhou a necessidade de ação para além das quotas. "A regulamentação é importante para alcançar a igualdade de género", explicou, "mas não se trata apenas de cumprir quotas ou de atingir uma percentagem de mulheres em cargos de liderança. Trata-se de garantir que as mulheres na sala têm voz, impulsionam o produto, influenciam a estratégia, contribuem para o crescimento da empresa, lideram o recrutamento de RH e têm um impacto real - quer seja numa empresa em fase de arranque ou numa organização maior."

Embora as quotas possam criar oportunidades, as mudanças culturais, como a adoção de modelos de trabalho híbridos, a oferta de flexibilidade e a promoção de ambientes inclusivos, são igualmente fundamentais. Estes esforços criam espaços onde as mulheres podem prosperar e contribuir plenamente para as suas equipas e organizações.

Christina Stathopoulos acrescentou que, embora a regulamentação e as mudanças culturais sejam importantes, não são suficientes por si só. "No final, depende das pessoas e das empresas acreditarem verdadeiramente no que estão a fazer", afirmou. A diversidade não deve ser tratada apenas como uma caixa de seleção para as métricas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) ou Ambientais, Sociais e de Governação (ESG); as empresas têm de reconhecer o seu valor mais amplo. "Os estudos têm demonstrado repetidamente que a diversidade conduz a um aumento dos lucros. Portanto, quando se trata do resultado final, a diversidade vai beneficiar a empresa."

O poder da orientação e da aliança

A tutoria e a aliança são vitais para dar poder às mulheres e promover a inclusão na liderança tecnológica. Proporcionam o apoio e as oportunidades de que as mulheres necessitam para serem bem sucedidas em domínios dominados pelos homens, ajudando a derrubar barreiras.

Paula também partilhou a sua própria experiência, reconhecendo Glenn Jocher, fundador e diretor executivo da Ultralytics, como um mentor fundamental para o seu crescimento profissional. "Ele me deu espaço para crescer, explorar, testar meus limites, correr riscos e enfrentar desafios", disse ela. Ter alguém que nos defenda e crie oportunidades pode mudar o jogo, permitindo que as mulheres assumam papéis de liderança e prosperem.

Além disso, Christina Stathopoulos explicou o importante papel que os homens desempenham como aliados na criação de um local de trabalho equitativo. "Como homem, há muito que se pode fazer", referiu, apontando as formas como os homens podem apoiar as mulheres nas suas carreiras e promover uma cultura de inclusão.

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Figura 4. Christina Stathopoulos deu conselhos práticos sobre o apoio às mulheres no sector da tecnologia.

Eis algumas formas práticas de os homens poderem ser aliados efectivos no local de trabalho:

  • Amplificar as vozes das mulheres: Assegurar que as ideias das mulheres são reconhecidas e apoiadas em reuniões e debates.
  • Oferecer mentoria e patrocínio: Orientar ou patrocinar ativamente colegas do sexo feminino, defendendo o seu desenvolvimento profissional.
  • Apoiar a transparência salarial: Promover práticas de compensação justas e transparentes para resolver as disparidades salariais.
  • Endereço: Manifeste-se contra preconceitos ou comportamentos discriminatórios para ajudar a criar um ambiente mais inclusivo.

Criar locais de trabalho inclusivos

Um local de trabalho inclusivo é um lugar onde os empregados se sentem seguros, valorizados e livres para partilhar as suas ideias. Christina Stathopoulos sublinhou este aspeto dizendo: "Também é necessária segurança psicológica sem medo de retaliação." Quando os funcionários se sentem seguros, podem contribuir mais eficazmente para a colaboração e a inovação.

Bruna de Guimarães acrescentou a isto uma lista de três componentes essenciais da inclusão: acções individuais, apoio dos pares e estratégias da empresa. Ela também incentivou as mulheres a assumirem o controlo das suas oportunidades: "Se não tens um lugar à mesa, arranja um lugar à mesa".

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Figura 5. Mulheres na liderança que estão a impulsionar mudanças.

Durante a conversa, os membros do painel partilharam recomendações de livros para inspirar confiança e ação:

  • Nice Girls Don't Get the Corner Office por Lois P. Frankel: Um guia para se libertar de comportamentos auto-limitantes no local de trabalho.
  • Mulheres Invisíveis de Caroline Criado Perez: Um olhar sobre como o preconceito de género nos dados e no design afecta a vida das mulheres.
  • Dear Girl de Amy e Paris Rosenthal: Um livro infantil que encoraja as raparigas a abraçarem a sua individualidade e força.

O caminho a percorrer pelas mulheres na tecnologia

O caminho a seguir pelas mulheres na área da tecnologia exige mudanças sistémicas e determinação pessoal. Como disse Mariana Hernandez, "não esperes que as coisas aconteçam por ti". As mulheres devem tomar a iniciativa de criar oportunidades e ir além de suas zonas de conforto. 

Paula Derrenger fez eco deste sentimento, partilhando a sua experiência ao entrar em novas situações. "Desafiarmo-nos a fazer coisas e obrigarmo-nos a estar em posições desconfortáveis... Nunca tinha feito um painel de discussão ou uma palestra, por isso temos de nos esforçar", explicou. O crescimento vem muitas vezes do facto de nos lançarmos no desconhecido.

A encerrar o painel, uma pergunta do público levou os oradores a partilharem ideias práticas sobre "o que não fazer" ao promover a inclusão e apoiar as mulheres na tecnologia:

  • Não seja paternalista ou condescendente: Tratar as mulheres como iguais e reconhecer as suas perspectivas como valiosas e enriquecedoras.
  • Não pressionar; convidar: Em vez de pressionar a participação, crie um ambiente convidativo e compreensivo que incentive as contribuições naturalmente.
  • Não interromper: Estudos mostram que as mulheres são interrompidas com mais frequência do que os homens em reuniões, o que pode diminuir a sua confiança e desencorajar as contribuições ao longo do tempo.
  • Não faça às mulheres o que não gostaria que lhe fizessem a si: Uma regra simples mas poderosa - pense como se sentiria numa situação semelhante e aja com empatia e respeito.

Principais conclusões

Com informações pessoais e reveladoras, o painel de discussão YOLO Vision 2024 sobre as mulheres na liderança da IA apresentou os progressos e os desafios relacionados com a criação de um futuro mais equitativo na tecnologia. Através da orientação, da aliança e da defesa de políticas inclusivas no local de trabalho, as mulheres estão a impulsionar a mudança necessária para promover a diversidade e a inovação.

Alcançar a igualdade de género na liderança tecnológica não se trata apenas de aumentar a representação - trata-se de construir um futuro em que diversas vozes conduzam a melhores decisões e resultados. 

O painel enfatizou que um progresso significativo é possível quando indivíduos, organizações e governos trabalham juntos para apoiar as mulheres como líderes e agentes de mudança. Continuando a desafiar normas ultrapassadas e defendendo a equidade, podemos criar uma indústria tecnológica que funcione para todos.

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